quinta-feira, 28 de julho de 2011

Porque ler é muito bom!

Estou lendo esse livro e, nem cheguei ao fim dele (estou ansiosa para chegar mas, saboreando o livro da forma mais concentrada e calma possível, para não perder nenhum relance que venha me surpreender) mas, quando cheguei ao capítulo 19 me surpreendi mais ainda com a minha leitura. O jeito como o autor John Harding escreve os pensamentos da personagem Florence é de um encantamento tão melódico e gódico e maravilhoso, encantador. Não resisto em deixar essa passar e dividir com quem se interessa por leitura também, a parte que me vez imaginar como se a própria Florence fosse Eu mesma, mexeu de tal forma comigo, que me emociona a cada vez que entro nessa viajem. É tão bom, fechar os olhos e se sentir dentro da personagem ... Eu me identifico muito com ela, por isso escolho "A Menina Que Não Sabia Ler" como a melhor leitura e livro do ano. (2011) 
Pra começar, o que me chamou atenção antes de comprar o livro foi o título ... talvez seja porque eu adoro esse tipo de título como por exemplo: "A Menina Que Roubava Livros" de Markus Zusak ... Não lembro em que ano foi que eu li, mas foi o melhor livro que eu já li em toda a minha vida. Foi a única leitura que me fez chorar, de verdade, eu nunca me emocionei tanto com um romance. A História me deixa sem palavras pra definir o quanto o cara foi foda em cria-la. É magnifica. Eu tenho pena de quem não gosta de ler porque, isso transforma a sua vida, mexe com você de tal forma. É surpreendente como quando você se pega chorando em uma parte da leitura porque, não dá pra segurar. E você ri de si mesma, se sentindo ótima em estar vivendo aquele momento que só você sabe, mesmo com a vista embaçada e tento que parar de ler por alguns segundos para enxugar as lágrimas. E foi isso que me aconteceu lendo "A menina que roubava livros".
As pessoas não sabem o quanto estão perdendo em não dedicar pelo menos uma hora de leitura no seu dia-a-dia. Porque isso é muito bom. Viajar num romance que não é seu e fujir dessa realidade mórbida, desgastante e podre.

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Capítulo 19; pág. 159

Você já pensou como seria estar morto? Às vezes acho que sei tão bem que já devo ter morrido e estou caminhando no exterior, outro fantasma, para fazer companhia à srta. Taylor, nascida Whitaker. Muitas vezes, à noite, faço a cama apertada e depois entro debaixo das cobertas e deito com os braços rígidos dos lados, como se estivesse dentro do meu caixão. Seguro a respiração e imagino que a escuridão do quarto é o escuro dentro do meu túmulo. Imagino a tampa do caixão em cima de mim. Penso no meu funeral, em todos que conheço, a sra. Grouse, Giles, meu tio talvez, embora, é claro, não posso realmente dizer que o conheço, Meg, Mary e John, em pé ao lado dessa cova funda e escura no chão, vendo-me ser baixada, encolhendo-se ao ouvirem a primeira pá de terra batendo na tampa do caixão, e aquele som ficando surdo gradualmente, enquanto minha cova se enche, apenas terra por cima de terra. Penso nas pessoas voltando, para casa no final de um dia de sol no inverno, aconchegando-se em torno do fogo, onde sua conversa gradualmente se volta para outros assuntos ao ter início o conforto do esquecimento. Imagino que de vez em quando uma delas irá lembrar-se de como me deixaram pouco antes sozinha na terra fria, e como a luz está se apagando e estou começando minha nova existência ali, em meu novo lar, em meu buraco no chão. E, com meu pensamento voltando para meu corpo supostamente morto, lembro-me de "O Enterro Prematuro", de Poe, e me imagino ainda viva, gritando que quero sair, arranhando com as unhas a tampa do caixão, mas, com dois metros de terra acima de mim, ninguém consegue me escutar gritando e gritando, até que primeiro minha voz diminui, vai se resumindo a um lamento e depois a nada; fico deitada e ouço minha própria respiração até acabar todo o ar, e então não há mais respiração ou escuta porque não há mais absolutamente nada.
Estou muito solitária agora, ...

(De: John Harding)

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